sábado, 8 de maio de 2010

Los Angeles County Museum of Art


Cheguei ao museu bem antes da hora de sua abertura devido a uma informação errada sobre o horário de funcionamento. Estava em LA para uma temporada de 30 dias em julho de 2009.

Para não perder a viagem, resolvi esperar pelo tempo que faltava e segui para o parque que faz parte do complexo do LACMA, mas antes entrei num restaurante e pedi um café “para levar” (um copo grande com uma tampa de plástico, que é visto nas mãos de muitas pessoas nas ruas lá nos Estados Unidos).
Ao entrar no parque vi uma senhora que se sentara num banco de concreto, sob uma bela e grande árvore. Ela fazia anotações em um caderno sobre a mesa, igualmente de concreto. Aproximei-me e perguntei a que horas o museu abriria, pois já haviam me informado dois horários diferentes.
Com muita segurança ela me respondeu e minha próxima pergunta foi se ela também esperava para visitar o museu.
- Não. Aqui é meu escritório!
Reparei, então que ela tinha uma grande sacola sobre o banco, livros e outros objetos.
- Sofro de claustrofobia e venho aqui trabalhar, estou escrevendo um livro.
Curiosa, disse:
-Deixe-me apresentar: - Sou Suzely, do Brasil e resolvi passar a manhã visitando o museu, mas fui informada de que o de Arte Contemporânea e o de Arte Moderna só abrem ao meio-dia e que este abriria às 9 h. Posso me assentar aqui com você?
- Sim, sou Rosa.
Minha curiosidade estava aguçada e iniciamos uma conversa.
Pelo seu sotaque percebi que ela não era americana. Russa, disse ela, nasci na Rússia e moro aqui há alguns anos.
Escrevia um livro sobre “Kharma”.
Havia escrito um livro em 2004, mas o perdera. Cansou de procurá-lo e depois desistiu por entender que “ELE” (Deus) não lhe havia dado permissão, caso contrário o teria encontrado. Escrevia tudo à mão pelo fato de não ter um computador.
Entre várias passagens de sua vida que me narrou, tivera uma filha, mas não sabia dela, pois teve um problema de amnésia por vários anos.
Conversa vai, conversa vem, o tempo passando e nós duas ali sentadas. Despreocupada com horário ali continuei escutando atentamente o que me contava aquela pessoa diferente, culta e interessante.
Onde você mora, perguntei. – Aqui mesmo e, tudo que tenho está aqui nesta sacola.
-Aqui no parque? Perguntei incrédula. –Sim.
Percebi, enquanto conversávamos que Rosa era cumprimentada por muitas pessoas e babás que ali estavam com as crianças. Afinal o parque, além de lindo, limpo e agradável, é público. Uma senhora se aproximou com um pacote e uma garrafa de refrigerante. Rosa agradeceu e me contou que era seu almoço. Pessoas generosas sempre lhe traziam comestíveis.
Despedi-me e fui visitar o museu, aliás, um dos museus que fazem parte do complexo LACMA.
No dia seguinte retornei ao LACMA para visitar outras exposições e lá estava a Rosa cercada de pessoas. Tinha estendido um lençol no chão ao lado de sua sacola e ao me ver acenou a mão. O dia estava lindo. Fiquei imaginando como é que seria a vida de Rosa durante o inverno e nas temporadas de chuva, mas depois notei que há muitos lugares para ela se proteger e, com aval dos seguranças do museu! Rosa, um exemplo da vida simples e cheia de histórias e aventuras.

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