sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Homem tem que ser Diniz!

Os horários das aulas em minha agenda eram bastante esparsos e as dificuldades financeiras bem largas naqueles anos 70 que, para pagar as mensalidades da Escola de Engenharia Kennedy, onde, com grande sacrifício eu estava na lista dos futuros engenheiros do Brasil. O futuro, entretanto, me mostraria que engenharia não era de fato a minha vocação.

A vivência com dificuldade foi para mim patrocinadora de alguns dos melhores e mais hilários momentos de minha vida. Relembro com muito carinho as aulas ministradas no Colégio Estadual Geraldo Teixeira da Costa, em Santa Luzia, onde aprendi muito mais do que ensinei! Que saudades!

Meus alunos me ensinaram que o presente é maior que o futuro. A diferença de idade entre nós quase não existia. Em meus 19 anos de idade, muita garra, idealismo e, principalmente, necessidade de ganhar a vida para pagar os custos da faculdade foram os principais fatores que fizeram de mim uma pessoa extremamente eclética ou, para ser mais precisa, polivalente!

Santa Luzia e, particularmente o Colégio Estadual Geraldo Teixeira da Costa representam importantes e significativos momentos que jamais esquecerei. Ajudaram-me a ser quem hoje sou!
Os alunos do científico não podem imaginar o grau de importância que tiveram em minha vida. Lembro-me particularmente da Amália, inteligente, espirituosa, criativa e com muita expressividade!

Na época a carioca Leila Diniz, grande expoente na vida dos brasileiros, mulher valente, independente, corajosa e leal aos seus princípios, era o grande exemplo da mulher autêntica liberada, cantada em verso e prosa e, até os dias de hoje, lembrada como a pessoa que desafiou convenções e valores morais em plena ditadura militar

Coqueiro Verde, de Erasmo Carlos anos 70, figurava entre os maiores sucessos musicais e citava a musa “como diz Leila Diniz, homem tem que ser durão”, serviu de inspiração para uma carinhosa brincadeira de meus alunos, porque meu ciumento e possessivo namorado costumava ir me buscar ao final das aulas e estacionava o seu “Jeep” de forma a ter uma boa visão da sala de aula, que cantavam: “como diz Leila Durão, homem tem que ser Diniz”, som que até hoje ecoa em meus ouvidos!

“Viver, intensamente, é você chorar, rir, sofrer, participar das coisas, achar a verdade nas coisas que faz. Encontrar em cada gesto da vida o sentido exato para que acredite nele e o sinta intensamente.”, assim se expressou Leila Diniz, dando a receita de sua autenticidade o que nos dias de hoje significa “ser você mesmo”.

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